Descontínuo Reverso

Fotografia: Chema Madoz (Espanha, 1958).

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Tentativa de carta ao Moço Sério:

Foto: Man Ray (Estados Unidos, 1890-1976). Noir et blanche, 1936.


Não tenho outra ponte. Nada mais que me leve. Que me conduza. E eu quero chegar. Eu tenho que ir. Assim como estou agora. Plena em meus andrajos. Porque é assim que estou. Os andrajos não me comprimem. Expandem. Não sou definitiva. Sou todo um baile de máscaras que o ser andrajosa me permite. Posso arriscar direções. O movimento conduz a identidade. O sufoco agora é que o único movimento que corre essa distância é a palavra. Minha oferenda. Minha dádiva. Meu desespero. Minha. Leva até aí o esvoaçar dos meus contornos para que eu continue sendo. É o tormento consentido. Uma busca que supera a mim e a você porque destroça e cria. Desaprendemos pra continuar. Assim, devidamente tomada, nenhuma palavra é gasta demais.

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