Descontínuo Reverso

Fotografia: Chema Madoz (Espanha, 1958).

quarta-feira, 6 de maio de 2009

porto


Leo Matiz (Colômbia, 1917-1998).


roldame arquejado pelo peso
o solo de assobio fino do menino
o barco rangente
o coração em falha de batimento
segmento árido no meio do mar
água fria de fundura minha
o porto do outro lado guardado na foto
eu vou pra lá
seria sério o vôo da gaivota
um vendaval de ondas marés
de polvos de braços roxos ao redor do meu pescoço
lânguidos os braços
da última prostituta acordada no cais
meus dedos de pó ardem no meio das pernas
e sigo
soltos os olhos em baços gemidos
o menino assobia e corre do homem gordo
o barco zarpa lento e velho
pintura verde grossa de camadas longas
a prostituta cospe e anda sem a bolsa
eu beijo o assoalho cambaleante que me leva

Um comentário:

Cuca disse...

Pri.....sua poesia parece um pesadelo! De tamanhos flashes de cenas fortes...Adorei!
Não consegui acessar o link do comentario, passe de novo por favor.
Tb vou adicionar seu blog nos meus favoritos...para assim me atualizar com suas emoções...
bjão