
Man Ray (EUA, 1890-1976). Max Ernst, 1934.
Trago o último gole no balcão do bar. Ainda o mesmo dele, talvez mais de cinqüenta anos antes. Eu visito. Eu voltei por dias. Anos afastados guardados em um bolso, amarrotado. Um endereço dado pela mãe: se quiser aparecer por lá. Ela morreu. Também me vem agora guardada desconhecida desenvolvida à espreita. Ela morreu velha. Tenho dela uns sonhos de pular de pára-quedas com a fobia de altura que terei de emprestar do seu temperamento. Viajar cem dias e cem noites de trem, com a cara na janela sem dizer palavra, como viajava de ônibus: em ônibus, sucumbia a um encadeamento de monossílabos irresistível. Podia ser dura. Tinha amnésia da maternidade com certa freqüência. E era nesses lapsos que mais me ajudava a montar um homem. Porque era dura e não tinha pena de dizer, cruas, as palavras de descrever.
Um comentário:
priscila, também gostei muito do que encontrei por aqui. uma fusão de instantâneos (escritos/fotográficos) interessantíssima. Continuo acompanhando.
Você é fotógrafa, escritora?
Beijo.
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