Descontínuo Reverso

Fotografia: Chema Madoz (Espanha, 1958).

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Peça


Chema Madoz. Agujaagua.

Para Lívia, Manoela, Marília e Ricardo

hoje me enrosquei em rascunhos. cobri o corpo com os pequenos pedaços de papel, tiras desamassadas, desalinho de sílabas. abri um pouco mais os olhos e deitei sobre os ombros um lenço finíssimo. saí assim para o vento poluído da cidade, saí como quem sai do teatro. Talvez fosse pelos olhos mais abertos. talvez por seguir uma linha imaginária transparente e carregada de sons que sentia fulgurantes entre os dedos maleáveis das mãos. Não sei muita coisa. O pouco que sei é o que conto: que por muitos quarteirões andei só, coberta de palavras aderidas ao corpo, com um lenço finíssimo nos ombros e os olhos mais abertos, seguindo o fio fulgurante que ouvia entre os dedos, andando pelas ruas antigas agudas varridas, como quem acaba de sair do teatro.

5 comentários:

Eu disse...

Como quem acaba de sair do teatro e é amada por ser assim tão linda! Saudades.... Obrigada pela sua poesia.

priscila miraz disse...

brigada pelo carinho. e quem é eu?

priscila miraz disse...

Marília?

Anônimo disse...

Gracias Pri...gostei tanto...beijos de Manù

Eu disse...

Sim! Eu era Marília, lááááááá em 2011. hehehe <3